Panorama do Ministério de Joao Batista
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Podemos avaliar o ministério de João Batista a partir de um Panorama histórico daquela época.
Para isso vamos ler o que está escrito em Lucas 3.1-6
“No décimo quinto ano do reinado de Tibério Cesar, sendo Pôncio Pilatos governador da Judéia, Herodes, tetrarca da Galileia, seu irmão Filipe, tetrarca da região da Itureia e Tracordes, Lisânias ,tetrarca de Abilene,sendo sumo sacerdote Anás e Caifás,veio a palavra do Deus a João,filho de Zacarias, no deserto.”
João veio pregando uma mensagem de arrependimento para o perdão de pecados.
Isaías 40.3 diz: Voz dos que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor; endireitar no ermo vereda a nosso Deus.
Outra referencia: Mt 3.3; Mc.1.3;Lc.3.4;João 1.23
A Importância Histórica do Inesperado aparecimento de João Batista
Avaliando o contexto histórico, o povo nesta época estava gemendo sob domínio de uma nação pagã que havia usurpado a prerrogativa que pertencia apenas a Deus.
Repentinamente, apareceu um novo profeta a esse povo- que estava aguardando ansioso- com a proclamação: “É chegado o reino dos céus”.
Lc.1.80 diz que “o menino crescia e se fortalecia em espírito.E viveu no deserto até o dia em que havia de se manifestar em Israel.”Após anos de espera, veio a palavra de Deus a João.
João aparece com uma vestimenta diferente, vestido com vestes de pêlos de carneiro e um cinto de couro. Estudiosos acreditam que vestido dessa maneira, João indicava que imaginava ser Elias, mas de acordo com Joao1.21, vemos o próprio João negando tal pretensão.
Olhando através dos moldes da tradição profética, vimos João manifestar o seu poder real, ou seja, anunciar aquele que estava por vir, e por isso João pregava o arrependimento , submetendo ao batismo, sendo isso uma evidencia de arrependimento.
As noticias do surgimento de um novo profeta, fez com que pessoas viessem ao deserto ouvir as boas novas e corriam até o Jordão onde ele estava pregando e se batizavam (Mc 1.5).
Porque João não foi para a Escola dos Saduceus?
Porque João sendo filho de Sacerdote da tribo de Levi , não foi para a Escola dos Saduceu que ficava no Templo e ao invés disso viveu no deserto?
João normalmente deveria ir ao Templo e freqüentar a escola dos Saduceus para ser treinado como um Levita, mas contrariando o que era se esperar de um filho de Sacerdote, João não vai para a Escola litúrgica de Jerusalém, pois a bíblia afirma que João foi criado nos desertos. Ver Lucas 1.80.
Deserto da Judéia
Esse deserto possivelmente seria segundo Mateus 3.1, o deserto da Judéia. Esse deserto cobre uma área semi-árida,que acompanha a vasta área entre o mar morto e as regiões montanhosas do Sul da palestina.
É uma região com pouquíssima vegetação e calor bem acima do normal.
Conforme diz Lc 3. 1 e Num 4.3, um levita começaria o seu ministério aos 30 anos de idade.Podemos deduzir que João passou todo esse tempo no deserto antes de iniciar o seu ministério profético.
A Crise Iminente
Neste contexto, um duplo batismo deveria acontecer: com o Espírito e com fogo. (Mt.3.11; Lc.3.16; e Mc.1.8).Em algumas interpretações, o batismo de João anunciou somente um batismo de fogo.
A idéia de batismo com Espírito é encarada como um acréscimo cristão á luz da experiência do Pentecostes.
- Ponto de vista: Quanto ao batismo do pneuma, não se trata do Espírito santo mas sim, do sopro flamejante do Messias, que destruirá seus inimigos(Isaias 11.4)
- Ponto de vista: Aquele que estava por vir batizaria os justos com o Espírito santo e os ímpios com o fogo.
Algumas referencias nos traz uma expectativa escatológica do Espírito encontradas no A.T,como por exemplo no Livro de Isaias 44.3-5,Deus promete derramar seus espírito nos descendentes de Jacó por intermédio de um poder capaz de suscitar vidas .
Isaias 32.15 diz que tal derramamento do Espírito de Deus será um elemento básico para efetivar a transformação da era messiânica, quando o Rei messiânico reinará em justiça e prosperidade e a justiça e a paz prevalecerão.
Ezequiel 37.14 promete a ressurreição da nação quando Deus colocar seu Espírito dentro de cada Israelita a fim de conceder-lhe vida.
Ezequiel 36.27 diz que Deus dará ao teu povo um coração e um espírito novo ao colocar neles o seu Espírito, capacitando-os a nadarem obediência á vontade de Deus.
Joel 2.28-32 tem uma promessa semelhante a esta. O grande e terrível dia do Senhor será identificado por intermédio de um grande derramamento do Espírito e por sinais apocalípticos nos céus e na terra.
João anuncia que essas promessas estão prestes a se cumprir, não por intermédio de sua pessoa e sim por aquele que viria depois dele. O que há de vir batizará com o Espírito Santo.
O Batismo de João
João conclamava ao arrependimento e a que se submetessem ao batismo nas águas.
A palavra “arrependimento” sugere basicamente tristeza pelo pecado; metanóia sugere uma mudança de pensamento; a concepção hebraica implica em dar volta completa em torno de todo seu corpo e voltar-se para Deus.
A idéia de arrependimento também é enfatizada na literatura de Qumran, na qual os sectários se denominavam” os convettidos de Israel”
De acordo com o historiador Judeu Flavio Josefo, havia entre as seitas Judaicas do primeiro século, uma em especial chamada Movimento dos Essênios. Embora fossem últimos antigos membros da classe sacerdotal, eles romperam com Jerusalém, migrando para o deserto.Ali fundaram uma comunidade no plator de Qumran e viveram isolados por muito tempo.
O motivo da ida desses ex- sacerdotes para o deserto, foi uma descrença da eficácia dos ofícios do templo, devido á apostasia vigente em Jerusalém. Foram esses essênios que muito provavelmente confiaram a maior parte dos manuscritos do mar morto, tão famosos em nossos dias.
Josefo ainda nos afirma que embora muitos membros dessa seita fossem celibatários, havia entre eles o costume de criar meninos de famílias Judaicas.
Talvez essas crianças fossem levadas livremente pelos próprios pais, como aconteceu no caso de Ana, que levou o pequeno Samuel para ser criado pelo sacerdote Eli. Dito isto, existe uma possibilidade muito alta de os pais de João Batista terem levado ainda criança para serem criados ali na comunidade dos essênios.
Tanto João Batista quanto a Seita diziam que tinham como objetivo o cumprimento de Isaías 40.3( preparar o caminho para o senhor no deserto).
De acordo do texto do Mar Morto, a comunidade de Qumran,esperava dois Messias.Um como precursor e o outro como mestre de justiça.O precursor seria o anunciador do segundo e deveria ,segundo os essênios a, pertencer a família sacerdotal.exatamente como vemos na historia de João.
João e os Essênios
Porem é claro que esta ligação entre Joao Batista e os Essenios é hipotética, não podemos ter nenhuma certeza absoluta sobre ela, mas se podemos proceder da tese de que algum dia Joao fez parte da comunidade, em sua fase adulta,certamente, ele rompeu com ela .
Porque simplesmente os seus ensinos trazem certas novidades não aceitáveis na doutrina dos Essênios. Por exemplo: João não aconselhou os seus ouvintes a se retirarem da cidade, nem que vivessem em uma comunidade isolada no deserto e este era um ponto inegociável dos Essênios.
Alias ,ele mesmo , João deve ter feito parte de sua pregação perto de um centro urbano, afinal ,Herodes e os principais de Jerusalém não iriam ao deserto para vê-lo pregar.
Outra coisa é, o seu batismo de arrependimento era oferecido a todos os pecadores. E não somente aos membros da seita com o fim de purificarem.
Outra coisa é: soldados e publicanos jamais seriam aceitos entre os Essênios. Contudo, na pregação de João Batista, eles não precisariam desligar-se dos seus empregos. Bastava apenas que em seus ofícios, fossem honestos e piedosos no trato com os seus semelhantes. Lucas 3.10-14.
Outra coisa interessante sobre João Batista é que a bilbia diz que ele se alimentava de gafanhotos e mel silvestre. Mel na cultura Judaica, era considerado um alimento celestial, símbolo da mensagem de oportunidade que Deus dava aos homens.
Em relação ao gafanhoto. Levitico 11.20-23 , há dois tipos de gafanhotos: um puro e o outro impuro.
Os gafanhotos puros eram permitidos para o consumo conforme a Lei judaicas de alimentação. Portanto a probabilidade que nós temos é que os gafanhotos que João comia , não seriam insetos e sim frutos da alfarrobeira.
Este tipo de planta é normalmente apelidada de pão de são João e é muito nutritiva.Provavelmente naquela época esta planta recebeu o nome Acres, um nome Grego que literalmente significa : gafanhoto.Como também podia significar um tipo de leguminosa.Este foi o entendimento de antigos escritores cristãos como Tarciano, Crisostomo, Isidoro, Teofilaquio de Bulgária, e vários outros escritores Judeus e cristãos que viveram na Síria e na Palestina por volta do segundo até o quarto século depois de Cristo.
Mas porque provavelmente João comeria Leguminosa no lugar de gafanhoto, já que o gafanhoto era permitido?
Por duas razoes
- Porque era uma fonte de alimento comum de pessoas pobres, eram como as alfarrobas que o filho prodigo comeu, enquanto alimentava porcos.
- Talvez João comia Leguminosa porque ele queria seguir uma dieta vegetariana. Alguns grupos judaicos da época, como os Essênios, incentivava o vegeterianismo como uma forma de mostrar que estavam aguardando a vinda do Reino de Deus.
Eles também se aproveitavam desta dieta para não participar da carne do cordeiro pascal porque não acreditava mais no sacrifício realizado em Jerusalem.
A roupa de João também era outra coisa que chamava a atenção. Todos que olhavam fazia-se lembrar de Elias ( 2Reis 5.8; Zacarias 3.4).Isso porque o povo esperava um profeta antes do Messias que iria anunciar o Messias e que se pareceria muito com Elias .
Enfim, o batismo de Joao, rejeitou todas as idéias de uma justiça legalista ou nacionalista e exigiu u m retorno moral e religioso a Deus .Ele se recusou a assumir como fato consumado a existência de um povo justo.
Somente aqueles que se arrependessem, que manifestassem esse arrependimento por meio de uma mudança de conduta, escapariam do julgamento iminente. Utilizando uma linguagem dura, Joao advertia os lideres religiosos de Israel ( Mt.3.7) para que fugissem da ira vindoura como as víboras fogem do fogo.
A origem do batismo de João
É possível que o contexto histórico eu explique a origem do batismo de João não seja nem o batismo da comunidade de Qumran,nem ode prosélitos, mas simplesmente as abluções cerimoniais previstas no A.T.
Os sacerdotes eram obrigados a se levarem em sua preparação para ministrarem no santuário, assim como exigia-se que o povo participasse de certas purificações em varias ocasiões(Lv.11-15; Nm.19).
Qualquer que seja o fundamento histórico,João dá novo significado ao rito da imersão ao conclamar o povo ao arrependimento devido á aproximação do Reino dos céus.
João Batista no Quarto Evangelho
João descreve o Messias como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. (Jo.1.29).
Em Mt 3.15, João estava convencido de sua própria pecaminosidade em comparação com a impecabilidade de Jesus.Apesar disto ,ele insistiu na realização do batismo para que Ele,desse modo, pudesse”cumprir toda a justiça”.
